Por razões que não vale a pena citar aqui, as nossas experiências com co-operadores no campo missionário entre 1976 e 1985 foram traumáticas. Em duas ocasiões, famílias vieram especificamente com o propósito de ajudar-nos na obra, e nos dois casos eram conhecidos nossos de longa data. E nos dois casos (por razões muito diversas umas das outras), com um intervalo de 5 anos, as duas famílias abandonaram a Madeira depois de passar somente um ano aqui. Embora não haja nenhum rancor em nossos corações em relação a esses irmãos, seria deshonesto dizer que não fomos profundamente magoados pessoalmente por estas atitudes ou que o trabalho não foi prejudicado espiritualmente. Sempre haverá cicatrizes, mas cicatrizes não doem.
Falo nisso somente porque uma das consequências mais duradouras não foi uma amargura contra as outras pessoas envolvidas (pois a graça de Deus nos permitiu vencer), mas o que aconteceu foi que deixei de pedir que Deus enviasse alguém para trabalhar connosco. Eu disse ao Senhor que Ele podia enviar alguém se Ele quisesse, e nem precisavam trabalhar connosco, desde que viessem com um coração para alcançar esta ilha. Sim, era OK se Ele enviava alguém, mas não seria eu a pedir.
Foi em Novembro 2005 numa reunião de oração (provavelmente numa 4ª-feira...talvez uma noite depois de um culto dominical) quando o Senhor me quebrou. Estávamos na altura de festejar o 1º aniversário do novo prédio e o facto de ter pago as obras. Encorajei a igreja a olhar para lá das paredes e aceitar o desafio de Deus para alcançarmos a ilha toda. Não podíamos simplesmente cruzar os braços, ficar sentados e admirar os vitrais. Mas alcançar a ilha, como? Nossos recursos humanos estavam já esticados ao seu limite. Naquele período de oração, Deus me fez saber que eu havia pecado em não pedir-Lhe o envio de obreiros. Em que era o meu pecado? Basicamente, eu não confiava em Deus, que Ele podia enviar alguém que podia trabalhar connosco; alguém com um peso por esta ilha que faria com que ficassem aqui fosse o que fosse. Foi falta de fé da minha parte. Deus quebrou-me. Chorei. Clamei a Deus, primeiramente em confissão e arrependimento, depois num clamor para que Ele enviasse obreiros. Eu não disse a Deus que tinham que vir trabalhar connosco, somente que viessem para evangelizar a ilha.
Começando nos últimos meses do ano passado, as respostas começaram a chegar:
Roy e Dawn sentiram a chamada de Deus para vender a sua casa em Cornuália e construir uma casa a 45 min. ao oeste do Funchal. Não sabiam nada da nossa obra, mas disseram aos seus irmãos no Reino Unido que se não existisse uma igreja, "teriam que começar uma." (Roy é um pregador leigo.)
Mais ou menos na mesma altura, Kristjan e sua esposa Andrea, vieram dos EUA e decidiram compra uma casa na vila a uns 3 minutos do local onde Roy e Dawn estão a construir a sua casa. Este casal jovem veio com as suas duas crianças pequenas depois de considerar, e rejeitar, outros campos, como Fiji, Mongolia, e Paquistão. Não vieram para nos ajudar, e nem sequer sabiam de nós antes de comprar a sua casa, mas depois de voltar dos EUA onde passaram o Natal, eles crêem que Deus os trouxe a esta ilha e à nossa igreja. (Como o mundo é pequeno: nosso filho Jeff ficou com Andrea e seus pais em São Paulo, Brasil, quando passou o verão de 1995 lá. Os pais da Andrea eram missionários no Brasil. Depois, Andrea frequentou universidade nos EUA e sua colega de quarto é irmã de Mark, que casou com nossa filha, Joy.)
Anabela ligou o outro dia para pedir direcções à igreja. Naquela manhã na igreja, descobrimos que já nos conhecemos há quase 25 anos, quando ela era namorada do filho de uma irmã da igreja nessa altura. Anabela depois emigrou para Alemanha, onde aceitou o evangelho e foi baptizada, casando com o soldado americano que a levou a Cristo. Depois deste tempo todo nos EUA, ela diz que o Senhor a trouxe de novo à Madeira. Ela se apresentou à igreja para ser aceite como membro, e quer ser usada em qualquer forma que possa ajudar a igreja realizar a sua missão e visão.
Também, no último mês, um Sábado à noite, um desconhecido entrou enquanto o coro ensaiava a cantata de Páscoa. Fábio, um jovem, tem vindo fielmente aos cultos desde então. Ele também se apresentou à igreja para pedir ser aceite como membro. Ele deu o seu testimunho como tinha experimentado com drogas duras, mas através de um ministério de recuperação de drogados no Brasil, ele venceu o vício. Há quatro meses atrás, ele aceitou o Senhor Jesus como Salvador na 1ª Igreja Baptista de Fortaleza, e decidiu voltar à sua família aqui na Madeira. Ele pediu baptismo.
Há 15 dias, Albert trouxe uma nova visitante ao culto de Inglês.Tânia e Albert tinham se encontrado dois dias antes na rua perto da casa dele e um deles falou "Graças a Deus" e o outro reparou nesse frase. Tânia perguntou a Albert se ele cria em Deus, e ele respondeu que sim e que assiste a uma igreja pequena...ela perguntou qual...ele disse que era Baptista...e ela disse que já tinha orado a Deus para saber onde estava a igreja baptista, pois tinha ouvido falar e não sabia onde era. Ela foi convertida e baptizada na Assembleia de Deus há 4 anos, mas o pai dela morreu logo depois, e ela deixou de assistir à igreja. Ela me perguntou esta manhã acerca de ser membro na nossa igreja, e queria saber as diferenças entre baptistas e a Assembleia de Deus. Ela confessou que o costume deles de orar todos ao mesmo tempo, e as línguas estranhas, nunca foi algo que ela aceitava bem.
Também soubemos que dois casais de turistas do Reino Unido, que têm vindo à Madeira regularmente nos últimos anos e que assistem aos nossos cultos, compraram apartamentos no Funchal nos últimos mêses para que possam passar mais tempo aqui na ilha.
Todas estas pessoas a vir do "nada"! E sei que foi por causa de uma noite em Novembro 2005...e não parámos de orar desde então.
Thursday, April 5, 2007
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